sábado, 29 de agosto de 2009

A Hora da Jujuba


Hoje, novamente, eis que sobe no ônibus um senhor com a pele vermelha, queimada pelo sol, cabelos bagunçados e sem a melanina da juventude, a barba por fazer e um olhar meio que... não sei... há tristeza, há? Misturada com... alguma satisfação? Talvez uma satisfação não tão genuína, mas que tenta acompanhar as palavras proferidas por ele próprio, em busca de uma forma de dignificar seu trabalho.

Macapá é pequena, por isso não é difícil encontrar as mesmas pessoas nos ônibus (por que essa palavra não tem plural definido? Éla já é plural no singular... o.O - O ônibus/Os ônibus... Por que não "os ônibuses"... ahehauhe... /tahparay). Esse senhor de quem falo vende jujubas nos ônibus. Sabe, antigamente (nem faz taaaanto tempo assim) ele entrava e falava de um jeito meio alegre, no entanto é de se perceber que passar o dia debaixo do sol vendendo jujubas não deve ser tão alegre, mas houve um tempo, ou talvez seja o mal humor que acomete a todos nós seres humanos de vez em quando, em que ele chegou, anunciou que estava vendendo jujubas e, por um momento, parou, e então recomeçou dizendo que se alguém pudesse ajudá-lo comprando algumas jujubas ele ficaria muito grato. Disse também que ele trabalha vendendo jujubas porque ele é desempregado e não pode se aposentar, e que ele prefere trabalhar vendendo jujubas porque ele não teria coragem de roubar.

Eu nem imagino o que esse senhor deve passar na vida dele, entretanto a fala dele, que acabei de comentar, tocou meu ser. A vida dele deve ser difícil, além de que, há certo tempo, lembro-me que ele não era menos curvado que atualmente, a pele dele era menos machucada pelo sol e ele aparentava mais forças. Não quero dizer que ele é um coitado. Não. Ele não é. Ele, de fato, está trabalhando da meneira que pode, penso eu, para se dignificar enquanto ser humano que precisa fazer algo para se manter. É verdade, chego a sentir pena, e isso talvez seja um pouco errado da minha parte. Mas não acho que seja errado eu me emocionar com o esforço de uma pessoa.

Hoje em dia, sempre que ele sobe no ônibus e que tenho um dinheirinho sobrando compro algumas jujubas, além de lhe dar um sorriso. Não sei se isso faz tanta diferença. Talvez não. Sei lá. Mas, pelo menos, acredito que dando um sorriso posso lhe fornecer um pouco mais de forças e ânimo para nunca desistir. Não sei se é isso o que acontece, não sei também se ele se lembra de mim. Talvez sim. E é isso. Embora nem todos possam ou não queiram comprar jujubas e o que faço seja tão mínimo, ainda assim penso que pelo menos para uma estrela do mar caída na praia eu tenha feito a diferença.

:)

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