terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pontos de Transformação


Sempre que se depara com um problema o ser humano se empenha em encontrar uma solução para o mesmo. Faz-se necessário, então, movimentar o arcabouço de conteúdos afetivos e intelectuais para compilar os elementos que serão utilizados na resolução buscada. Ativam-se as áreas cujas funções sejam exigidas, por exemplo, o lobo frontal (meu exemplo clássico...) para situações de tomada de decisões, e que, no entanto, podem iniciar conexões com outra regiões para correlacionar as possibilidades de ações. Ok. Muitos instrumentos podem passar a ser utilizados, trabalhando em conjunto para responder à demanda.

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Para atividades certas, repetitivas e relativamente simples podemos acionar o piloto automático à medida que aprendemos a lidar com tais tarefas, como o delineamento das letras ao se escrever, o movimento de pedalar, dirigir carros, pegar a chave de casa naquele canto onde ela necessariamente deve estar guardada, etc.

Mas e se a mão estiver lesionada? O pedal da bicicleta estiver frouxo? O carro não for aquele Ford Ka que se está acostumado a dirigir, mas uma caminhonete? As chaves não estiverem no lugar? Bem, temos um certo problema para o cérebro, pois ele mecanizara tais ações, mas como a circunstância mudou ele será obrigado a encontrar novas estratégias para dar continuidade a tais atividades.

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A sociedade ocidental, principalmente os norte americanos, prezam bastante o pragmatismo, e por isso gostam de repostas gerais e simples que possam sistematizar o manejo de uma dada situação.

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O Positivismo concebia o mundo como sendo regido por leis gerais fixas, organizadas, sendo possível isolar os sistemas de funcionamentos, reduzí-los, estudá-los, predizê-los e controlá-los.

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Enquanto o feudalismo foi o sistema econômico vigente no mundo, a sociedade estratificada e fixa daquela época nunca pensou que seria possível tal realidade ser modificada. O feudalismos acabou. Nosso amado capitalismo reina atualmente, ainda que com turbulências, mas ele sempre se reinventa para continuar dando às pessoas a liberdade de serem presas às suas liberdades de livre iniciativa. E muitos pensam que sempre será assim.

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O riso possivelmente se desenvolveu como um choro que se tornou entrecortado cada vez mais até se tornar menos forçado, deixando de ser expressão ostensiva de dor tal qual o próprio choro. Era necessário um sinal vocal que indicasse que o perigo na verdade não existe, sem que com isso se assustasse os indivíduos do bando desnecessariamente com o grito de alerta. O cérebro percebe que algo há de errado, algo absurdo, algo paradoxal, e algo que deveria ser motivo de choro se torna motivo de riso e variações de alívio, de nervosismo ou outros, mas ainda assim, de riso.

O bebê ameaça chorar quando é jogado para cima, mas no momento em que cai na segurança dos braços da mãe ele ri, pois sabe que o perigo de cair existe, no entanto sua mãe não permitirá que isso ocorra (se for uma mãe de bom caráter e responsável, claro...)

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Hoje muitas pessoas riem das possibilidades de se acabar com as desigualdades sociais, políticas e econômicas. Acham que a transformação é um absurdo. Preferem o velho e bom capitalismo que deu certo até o momento atual. Eu também quero ganhar dinheiro, mas não rio da esperança de um mundo melhor. Percebo que tal mundo, para um dia, não sei quando, chegar, dependerá da ação consciente e responsável de todos, sujeitos ativos da realidade.

Muitos riem porque não querem assumir papéis de responsabilidade diante do próximo. É um escândalo para eles que exista amor e honestidade em algum canto do coração. Preferem permanecer com as respostas simplistas e gerais que o mundo lhes da.

Eu gosto de dinheiro, mas não sou objeto dele... ou pelo menos penso e espero que não.

Mas vivemos em uma democracia amputada, pois só há democracia para aqueles que estão na dianteira, vestindo roupas caras, trocando jatinhos e vivendo em seus castelos de hipocrisia. Nunca esperam que o mundo mude.

Mas não há equilíbrio. Não há homeostase. O caos é parte constitutiva da ordem. Reconheço que tenho medo dos tempos novos, não porque são anunciados com tanta desgraça, mas porque muitos sofrerão por conta das desgraças.

Chegará o tempo de exercermos a responsabilidade que cegamente delegamos a outros, pois aliena-mo-nos por muito tempo. Não haverá respostas prontas. Haverá dúvidas.

Muitas limitações foram comportadas em cada período da história humana, e por causa delas alguns indivíduos quiseran determinar partes da realidade para mais facilmente explicá-la.

Mas da mesma forma como Roma queimou, que a Europa faliu, que a bolsa de Nova York quebrou, que grupos dispersos e aparentemente pequenos abalaram o mundo e que grandes economias balançaram e etc, nosso tempo está muito próximo para que saibamos exatamente o que se passa e por quanto tempo ainda durará a solidez de nosso momento atual até que este se desfaça no ar, mas as limitações não devem ser motivos de restrição ou retração.

Muito há que ocorrer.

Guarneçamo-nos de valores de cooperação e respeito mútuos.

As marés dos tempos lentamente alcançam nossos pescoços sem que disso tenhamos noção.

Estejamos prontos para sermos os responsáveis por nossas ações em sociedade.

Tudo isso encanta e assusta.

Grandes são as possibilidades!!!

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