sábado, 19 de setembro de 2009

A prática Indolor


Ontem eu fui a um consultório odontológico para a realização da extração de um siso (hoje estou com 1/4 a menos de juízo. Na próxima sexta perderei mais 1/4 e ficarei sem juízo, pois os 2/4 restantes nunca nasceram... xD). Quando fui informado de que deveria extrair os sisos para evitar futuras complicações me senti um pouco frustrado. Não queria ter que tirá-los, não por uma questão afetuosa pelos dentes, mas porque não me agradava a ideia de ter que passar por um procedimento cirúrgico, pequeno, mas ainda assim não deixava de ser cirúrgico.

Por cerca de um mês posterguei a ida à Uniodonto para obter a autorização do procedimento, mas, enfim, resolvi tomar coragem para a cirurgia depois que reconsiderei que seria muito melhor perder os sisos logo do que perder mais tempo e dinheiro futuramente quando os sisos causassem complicações terríveis.

Tenho pavor de coisas que envolvam materiais médicos, aparelhos estranhos, agulhas, sangue e dor. Eis um motivo pelo qual a ideia de cursar medicina nunca me agradou.

Quando foi ontem, encaminhei-me ao consultório. Pensei "que mal há em extrair uns dentinhos? Melhor fazer logo enquanto não há nenhum problema sério com eles". Na frente do shopping Macapá encontrei um amigo. Ele me pergunta aonde vou. Respondo que vou extrair os sisos. Ele faz um sorriso amargo e diz "ui. Já tirei os meus. Meus pêsames". No entanto isso não me assustou.

Chegando no consultório, esperei um pouco para que o odontólogo (não acho tão digno continuar chamando esses profissionais tão importantes de "dentistas") chegasse. Quando ele chegou, considerei que ele apresentava uma postura bem segura e serena, logo, ele deve ser bom no que faz, além do fato de ele me ter sido indicado pela minha odontóloga que me aconselhou a extrair os sisos.

Após alguns minutos, sou chamado para dentro. A aproximação do momento me deixa um pouco reticente, no entanto não fico ansioso. Ele diz para eu sentar na poltrona (cadeira? sei lá como é chamado aquilo :x). A ansiedade só chega quanto ele me pede pra morder uns negócios incômodos. Penso "caracas. Ele vai fazer a cirurgia com esse negócio apertando a minha língua?" Não, aquilas coisas eram só para ele bater a radiografia dos dentes (pelo menos acredito que fosse para isso). Em seguida tira os negócios e pega uns negócios na bandeja. E eis que ele aproxima a anestesia de minha boca. Rapaz, de agulhadas eu tenho medo. Incrivelmente, senti apenas uma ferradazinha incômoda, mas nada sério. Depois disso meu rosto começa a inchar e ele se prepara pra iniciar a extração.

Ele empurrava alguma coisa, eu acho, na minha boca e senti uma movimentação na parte anestesiada, além de ouvir um som "croc!". "Pobre dente", penso eu. Eu me queixo uma vez, ele pergunta se está doendo e digo que não. Queixo-me uma segunda vez, ele pergunta novamente e digo (tento dizer) que não, mas que os empurrões incomodam. Ele diz "ora, tenho que fazer força. O dente está preso aí. Ele não está solto" /eurirs

A questão é: acho incrível o fato de hoje em dia os procedimentos cirúrgicos serem feitos sem a dor excruciante que provavelmente existia nas práticas de antigamente. Após a extração, o odontólogo me explicou que a anestesia utilizada visa a eliminar a sensação de dor, mas não elimina sensação tátil, ou seja, o paciente permanece o tempo todo consciente, daí o incômodo de sentir as movimentações, embora eu não tenha sentido em momento algum quando o dente foi retirado (eu imagina que ele fosse pular do lugar... ahuehauhehuh...) e nem quando ele estava fazendo os pontos na gengiva.

Quero dizer que realmente fico fascinado com as capacidades que as ciências proporcionaram e ao longo do tempo para se evitar a dor. A sensação de dor demonstra uma habilidade de sinalização do organismo sobre tudo aquilo que pode prejudicá-lo. Mas torna-se necessário impedir a dor, burlar as propriedades nervosas, para se realizar ações que serão benéficas para o organismo. A retirada de um dente tão estranho quanto o siso tem o objetivo de evitar possíveis complicações, como a neoplasia (acredito que esse seja o nome, senão o Felipe pode me corrigir), que pode vir a ocasionar a formação de um câncer posteriormente... (/meldelz o.O)

E, além dos recursos que a ciência oferece, é muito importante que os profissionais tenham confiança e técnica nas suas atividades. O odontólogo me transmitiu bastante segurança, por isso não tive tanto medo durante a extração. A sociedade precisa de profissionais que sejam competentes e merecedores da confiança da população. Digo isso porque, tristemente, a questão da saúde em Macapá é bastante delicada. Aquele que possuem recursos suficientes para manter um plano de saúde são os que têm mais chances de receberem atendimentos mais completos e satisfatórios. Sempre que minha família necessita de cuidados, digamos, mais avançados, encaminhamo-nos para Belém.

A união dos avanços da ciência e da segurança dos profissionais rende à população tratamentos mais sutis e menos dolorosos, entretanto grande parte da população não tem acesso a isso. Logo, os cuidados com a saúde acabam sendo dolorosos não só por falta de técnicas apropriadas e de profissionais capacitados, mas também porque agride o bolso e a confiança das pessoas. Devemos lutar para que isso mude. As transformações sociais virão através da conscientização e da educação, para que os nós, nossos filhos e os filhos de nossos filhos, cresçamos tanto em moral quanto em intelecto e possamos agir diretamente para a reorganização da ordem social, permitindo o acesso a uma saúde de qualidade para todos. :D

E pretendo, futuramente, passar por uma cirurgia de correção da retina para não precisaer mais de óculos. xD

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