domingo, 13 de setembro de 2009

13 de Setembro

Hoje começo a perceber o quão importante é ter conhecimento da própria história para que seja possível construir a própria identidade.

Hoje, 13 de Setembro, é, ainda que criticado positiva ou negativamente, o dia em que se comemora a criação do extinto Território do Amapá. Alguns dizem que é algo desnecessário devido ao fato de o território não mais existir. Outros dizem que nem a condição de ex Território, nem a condição de Estado fazem diferença, porque o Amapá ainda assim seria um lugar obsoleto.

Pois eu acredito que seja importante comemorar tal dia. O Pará, mesmo sendo bem próximo, é visivelmente diferente do Amapá. Admito que muitas coisas no Amapá podem provir de lá, mas os amapaenses, ou pelo menos os macapaenses, são diferentes. As realidades são diferentes.

O isolamento geográfico do Amapá é motivo de piadas internas e externas. O Amapá normalmente é desmerecido por conta de seu contexto político e econômico. No entanto, quem procurou entender o desenvolvimento histórico deste Estado para compreender o que ocorre hoje? E quanto a quem estudou, já procurou fazer algo para modificar a realidade que se mostra aos olhos? Se não, então por que estudou? Para desmerecer? Para criticar negativamente? Para morar nesse Estado tão oprimido interna e externamente e ainda assim parasitar o que é desviado dos serviços públicos?

Pois eu cuspo em todos esses. Que são? Muitos falam mal daqui. Já olharam para suas próprias vidas medíocres e vazias de sentido?

O Amapá é novo. Acredito que é por causa disso que o Amapá não tenha uma identidade tão forte. Sua identidade está desconexa em si mesma. Falta algo para unir as pessoas, pois estas mesmas não se conhecem ainda que convivam cotidianamente.

Sabe, eu me senti emocionado ao assitir ao desfile do 13 de Setembro. Fui assitir às escolas estaduais (quando começou o desfile das escolas municipais tive que ir embora) mostrando seus alunos, os projetos, os recursos, os talentos e tanta coisa que existe e que permanece esquecida enquanto gestores e ou oportunistas comem os recursos do Estado.

Apesar do descuido de muitos, da falta de compromisso, das pessoas que estavam se embebedando antes, durante e provavelmente depois do desfile, dos profissionais e técnicos que apenas maldiziam e não ajudavam em coisa alguma, penso que o desfile teve seu brilho e sua glória, ao menos para mim.

Faz-se necessário estimular o autoconhecimento por parte de nossa população. Devemos entender os porquês de nossa história para que possamos construí-la daqui para frente. É preciso imprimir em nossa população o sentimento de amor à pátria, mas um amor raciocinado, um amor que sabe o que faz, um amor que luta contra as injustiças, que age com caráter, que não joga lixo nas vias públicas, que não assina o ponto do mês e some da repartição, que respeita o próximo e que age em benefício coletivo porque sabe que fazendo isso estará agindo em benefício próprio.

Eu admito que sou um ignorante em relação a meu próprio Estado. Estou, de fato, alienado de minha própria história enquanto habitante do Estado do Amapá. Mas estou buscando estar mais ligado, pouco a pouco, com o que acontece. E espero que meu esforço por conhecer minha própria história possa estimular outros a fazer o mesmo. Amo meu Estado, ainda que não saiba ao certo o que isso significa. Sinto uma necessidade interna por saber o que isso significa, sinto necessidade de me apropriar de minha vida, de minha história, de alcançar minha autonomia. Mas não posso fazer tudo isso sozinho. Isso deve se irradiar até os corações de outros que sintam esse impulso pelo crescimento, para que possamos acabar com o alheamento que nos afasta de nós mesmos.

Ultimamente, senti algumas mudanças em alguns comportamentos e acontecimentos em nossa cidade. Está havendo um maior prestígio para eventos culturais, para o reconhecimento do que é nosso. Talvez ainda seja pequena essa movimentação. Não sei. Mas parece que algum sentimento coletivo começa a crescer em nossos corações, e a busca por esclarecimento nos acomete sutilmente. Espero que assim seja.

Se queremos mudar os rumos da história devemos tomar as rédeas dessa carroça.

xD

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