segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Renan, 1/4 de semi dono de casa - A Missão

Hoje eu fiz o arroz de novo.

Não sei se vai ficar bom, pois usei uma panela um pouco maior do que a que eu aprendi a usar. Mas digo que ficou com um cheirinho bom. :)

Na hora de lavar a louça...

Percebi que os garfos são utensílios nojentos, bem como qualquer talher que tenha cabo de plástico, embora essa última observação já seja bem recorrente.

Aquele óleo que fica acumulado nas frigideiras é nojento. Observação também recorrente.

Mas se tem uma coisa que me dá ódio são os plásticos, papéis, ossos ou outras coisas que certas pessoas deixam na pia, junto da louça suja. Isto é, definivamente, a treva... ¬¬

...

Em tempo, fui comprar açaí. Tinham uns caminhoneiros lá na batedeira. Um deles criticou o fato de uma pessoa dar 10 reais em 2 litros de açaí.

Sinceramente, gostaria que um idiota que comenta tal babaquice introduzisse as próprias palavras no seu orífio anal . Idiota gala-seca filho d'uma égua... Nós gastamos dinheiro com açaí por opção nossa. Não somos mortos de fome desgraçados tal qual um deles que, provavelmente, gasta quantias enormes de dinheiro com bebida. Nesses momentos, não sou nenhum pouco humano. Se eu tivesse acordado totalmente totalitário, teria fumado um cachimbo e fuzilado todos eles... ò.Ó

domingo, 27 de setembro de 2009

Saudades...


Saudades...

Saudades daquilo que não sei...

Saudades do papai, da mamãe, dos irmãos, da irmã...

Saudades do pão, do guaraná, do bolinho...

Saudades do vento, do cansaço, da madrugada, do sol...

Saudades da dor, do sofrimento, do medo, da desesperança...

Saudades do futuro, daquilo que ainda não ocorreu e pode nunca ocorrer...

Saudades do papél, da função, da forma...

Saudades do que não pode ser lembrado...

Saudades do trem, daquilo que não se sabe se aconteceu, da caminhada, do sonho que talvez não tenha sido sonhado mas vivido, ou do sonho vivido e nunca sonhado...

Saudade do que não sei...

Saudades do trivial e do complexo...

Saudades da calma, quando o que causava saudades ainda não tinha voltado... rs

Saudades de um pensamento que sabe ou não...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Uma menina...!



Às vezes fico pensando... "será que um dia serei pai?"

E também... "se um dia eu vir a ser pai, será que serei um bom pai?"

Diversas vezes me peguei pensando em como seria o futuro, se eu fosse pai. Quando imagino, as imagens que vêm à minha cabeça parecem um pouco com aqueles filmes bonitinhos em que o pai está se divertindo com uma criança, e essas imagens sempre denotam épocas diferentes, situações diferentes. De fato, acredito que estou idealizando uma possível paternidade daqui há alguns anos-luz.

Mas o mais curioso é que a maioria das vezes, acredito que cerca de 99%, imagino-me cuidando de uma menina. Seja levando-a à escola, lendo livros com ela, brincando e, possivelmente, até tendo discussões complexas com ela.

Não consigo imaginar muito bem as feições dessa menina. Suas feições variam. Ora, é claro. Ela não existe. Talvez possa vir a existir, mas não imagino como nem quando. Isso é algo que apenas imagino.

Talvez, no futuro, caso a minha antipatia me impeça de ter filhos de modo natural, e caso eu tenha coragem e tamanha audácia, eu possa optar por adotar uma menina. Sei lá. Como seria? Penso a respeito disso até porque nas minhas idealizações de futura-possível-paternidade não consigo imaginar a figura de uma esposa, apenas imagino a existência de uma filha.

Acho que essa minha vontade ficou ainda mais acentuada, apesar de contida, por conta de atual conjuntura (não posso ter filhos agora, ora pois...), depois que eu assiti ao filme "Uma Lição de Amor" na faculdade. /shoray liturs*********8*******

Será que apesar de toda minha desgraça, um dia, eu serei um bom pai? (se é que eu serei)

sábado, 19 de setembro de 2009

A prática Indolor


Ontem eu fui a um consultório odontológico para a realização da extração de um siso (hoje estou com 1/4 a menos de juízo. Na próxima sexta perderei mais 1/4 e ficarei sem juízo, pois os 2/4 restantes nunca nasceram... xD). Quando fui informado de que deveria extrair os sisos para evitar futuras complicações me senti um pouco frustrado. Não queria ter que tirá-los, não por uma questão afetuosa pelos dentes, mas porque não me agradava a ideia de ter que passar por um procedimento cirúrgico, pequeno, mas ainda assim não deixava de ser cirúrgico.

Por cerca de um mês posterguei a ida à Uniodonto para obter a autorização do procedimento, mas, enfim, resolvi tomar coragem para a cirurgia depois que reconsiderei que seria muito melhor perder os sisos logo do que perder mais tempo e dinheiro futuramente quando os sisos causassem complicações terríveis.

Tenho pavor de coisas que envolvam materiais médicos, aparelhos estranhos, agulhas, sangue e dor. Eis um motivo pelo qual a ideia de cursar medicina nunca me agradou.

Quando foi ontem, encaminhei-me ao consultório. Pensei "que mal há em extrair uns dentinhos? Melhor fazer logo enquanto não há nenhum problema sério com eles". Na frente do shopping Macapá encontrei um amigo. Ele me pergunta aonde vou. Respondo que vou extrair os sisos. Ele faz um sorriso amargo e diz "ui. Já tirei os meus. Meus pêsames". No entanto isso não me assustou.

Chegando no consultório, esperei um pouco para que o odontólogo (não acho tão digno continuar chamando esses profissionais tão importantes de "dentistas") chegasse. Quando ele chegou, considerei que ele apresentava uma postura bem segura e serena, logo, ele deve ser bom no que faz, além do fato de ele me ter sido indicado pela minha odontóloga que me aconselhou a extrair os sisos.

Após alguns minutos, sou chamado para dentro. A aproximação do momento me deixa um pouco reticente, no entanto não fico ansioso. Ele diz para eu sentar na poltrona (cadeira? sei lá como é chamado aquilo :x). A ansiedade só chega quanto ele me pede pra morder uns negócios incômodos. Penso "caracas. Ele vai fazer a cirurgia com esse negócio apertando a minha língua?" Não, aquilas coisas eram só para ele bater a radiografia dos dentes (pelo menos acredito que fosse para isso). Em seguida tira os negócios e pega uns negócios na bandeja. E eis que ele aproxima a anestesia de minha boca. Rapaz, de agulhadas eu tenho medo. Incrivelmente, senti apenas uma ferradazinha incômoda, mas nada sério. Depois disso meu rosto começa a inchar e ele se prepara pra iniciar a extração.

Ele empurrava alguma coisa, eu acho, na minha boca e senti uma movimentação na parte anestesiada, além de ouvir um som "croc!". "Pobre dente", penso eu. Eu me queixo uma vez, ele pergunta se está doendo e digo que não. Queixo-me uma segunda vez, ele pergunta novamente e digo (tento dizer) que não, mas que os empurrões incomodam. Ele diz "ora, tenho que fazer força. O dente está preso aí. Ele não está solto" /eurirs

A questão é: acho incrível o fato de hoje em dia os procedimentos cirúrgicos serem feitos sem a dor excruciante que provavelmente existia nas práticas de antigamente. Após a extração, o odontólogo me explicou que a anestesia utilizada visa a eliminar a sensação de dor, mas não elimina sensação tátil, ou seja, o paciente permanece o tempo todo consciente, daí o incômodo de sentir as movimentações, embora eu não tenha sentido em momento algum quando o dente foi retirado (eu imagina que ele fosse pular do lugar... ahuehauhehuh...) e nem quando ele estava fazendo os pontos na gengiva.

Quero dizer que realmente fico fascinado com as capacidades que as ciências proporcionaram e ao longo do tempo para se evitar a dor. A sensação de dor demonstra uma habilidade de sinalização do organismo sobre tudo aquilo que pode prejudicá-lo. Mas torna-se necessário impedir a dor, burlar as propriedades nervosas, para se realizar ações que serão benéficas para o organismo. A retirada de um dente tão estranho quanto o siso tem o objetivo de evitar possíveis complicações, como a neoplasia (acredito que esse seja o nome, senão o Felipe pode me corrigir), que pode vir a ocasionar a formação de um câncer posteriormente... (/meldelz o.O)

E, além dos recursos que a ciência oferece, é muito importante que os profissionais tenham confiança e técnica nas suas atividades. O odontólogo me transmitiu bastante segurança, por isso não tive tanto medo durante a extração. A sociedade precisa de profissionais que sejam competentes e merecedores da confiança da população. Digo isso porque, tristemente, a questão da saúde em Macapá é bastante delicada. Aquele que possuem recursos suficientes para manter um plano de saúde são os que têm mais chances de receberem atendimentos mais completos e satisfatórios. Sempre que minha família necessita de cuidados, digamos, mais avançados, encaminhamo-nos para Belém.

A união dos avanços da ciência e da segurança dos profissionais rende à população tratamentos mais sutis e menos dolorosos, entretanto grande parte da população não tem acesso a isso. Logo, os cuidados com a saúde acabam sendo dolorosos não só por falta de técnicas apropriadas e de profissionais capacitados, mas também porque agride o bolso e a confiança das pessoas. Devemos lutar para que isso mude. As transformações sociais virão através da conscientização e da educação, para que os nós, nossos filhos e os filhos de nossos filhos, cresçamos tanto em moral quanto em intelecto e possamos agir diretamente para a reorganização da ordem social, permitindo o acesso a uma saúde de qualidade para todos. :D

E pretendo, futuramente, passar por uma cirurgia de correção da retina para não precisaer mais de óculos. xD

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Não voltar para casa...


Eu sempre tenho pesadelos com isso.

Talvez por que eu realmente tenha medo de não conseguir voltar para casa.

Mas talvez não seja somente isso.

Ainda saberei o significado por trás disso.

Mas odeio ter tais pesadelos.

Sempre é noite. Sempre estou fora de casa por algum motivo. Ocasionalmente me perco. Ou ocorrem coisas que me impedem de voltar. É frustrante não poder achar o caminho de volta.

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domingo, 13 de setembro de 2009

13 de Setembro

Hoje começo a perceber o quão importante é ter conhecimento da própria história para que seja possível construir a própria identidade.

Hoje, 13 de Setembro, é, ainda que criticado positiva ou negativamente, o dia em que se comemora a criação do extinto Território do Amapá. Alguns dizem que é algo desnecessário devido ao fato de o território não mais existir. Outros dizem que nem a condição de ex Território, nem a condição de Estado fazem diferença, porque o Amapá ainda assim seria um lugar obsoleto.

Pois eu acredito que seja importante comemorar tal dia. O Pará, mesmo sendo bem próximo, é visivelmente diferente do Amapá. Admito que muitas coisas no Amapá podem provir de lá, mas os amapaenses, ou pelo menos os macapaenses, são diferentes. As realidades são diferentes.

O isolamento geográfico do Amapá é motivo de piadas internas e externas. O Amapá normalmente é desmerecido por conta de seu contexto político e econômico. No entanto, quem procurou entender o desenvolvimento histórico deste Estado para compreender o que ocorre hoje? E quanto a quem estudou, já procurou fazer algo para modificar a realidade que se mostra aos olhos? Se não, então por que estudou? Para desmerecer? Para criticar negativamente? Para morar nesse Estado tão oprimido interna e externamente e ainda assim parasitar o que é desviado dos serviços públicos?

Pois eu cuspo em todos esses. Que são? Muitos falam mal daqui. Já olharam para suas próprias vidas medíocres e vazias de sentido?

O Amapá é novo. Acredito que é por causa disso que o Amapá não tenha uma identidade tão forte. Sua identidade está desconexa em si mesma. Falta algo para unir as pessoas, pois estas mesmas não se conhecem ainda que convivam cotidianamente.

Sabe, eu me senti emocionado ao assitir ao desfile do 13 de Setembro. Fui assitir às escolas estaduais (quando começou o desfile das escolas municipais tive que ir embora) mostrando seus alunos, os projetos, os recursos, os talentos e tanta coisa que existe e que permanece esquecida enquanto gestores e ou oportunistas comem os recursos do Estado.

Apesar do descuido de muitos, da falta de compromisso, das pessoas que estavam se embebedando antes, durante e provavelmente depois do desfile, dos profissionais e técnicos que apenas maldiziam e não ajudavam em coisa alguma, penso que o desfile teve seu brilho e sua glória, ao menos para mim.

Faz-se necessário estimular o autoconhecimento por parte de nossa população. Devemos entender os porquês de nossa história para que possamos construí-la daqui para frente. É preciso imprimir em nossa população o sentimento de amor à pátria, mas um amor raciocinado, um amor que sabe o que faz, um amor que luta contra as injustiças, que age com caráter, que não joga lixo nas vias públicas, que não assina o ponto do mês e some da repartição, que respeita o próximo e que age em benefício coletivo porque sabe que fazendo isso estará agindo em benefício próprio.

Eu admito que sou um ignorante em relação a meu próprio Estado. Estou, de fato, alienado de minha própria história enquanto habitante do Estado do Amapá. Mas estou buscando estar mais ligado, pouco a pouco, com o que acontece. E espero que meu esforço por conhecer minha própria história possa estimular outros a fazer o mesmo. Amo meu Estado, ainda que não saiba ao certo o que isso significa. Sinto uma necessidade interna por saber o que isso significa, sinto necessidade de me apropriar de minha vida, de minha história, de alcançar minha autonomia. Mas não posso fazer tudo isso sozinho. Isso deve se irradiar até os corações de outros que sintam esse impulso pelo crescimento, para que possamos acabar com o alheamento que nos afasta de nós mesmos.

Ultimamente, senti algumas mudanças em alguns comportamentos e acontecimentos em nossa cidade. Está havendo um maior prestígio para eventos culturais, para o reconhecimento do que é nosso. Talvez ainda seja pequena essa movimentação. Não sei. Mas parece que algum sentimento coletivo começa a crescer em nossos corações, e a busca por esclarecimento nos acomete sutilmente. Espero que assim seja.

Se queremos mudar os rumos da história devemos tomar as rédeas dessa carroça.

xD

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Contradição do Discurso


Se há uma coisa que eu odeio são pessoas que se arvoram de um determinado discurso, mas que agem de maneira contraditória ao mesmo.

Entendo que nenhum de nós está livre de cometer nossas próprias incoerências quanto a falar e a agir. Estamos em constante transformação. Nossas ideias se modificam.

No entanto, não admito determinados posicionamentos ideológicos acompanhados de atitudes exaltadas e que, ainda assim, não condizem com os atos posteriores daqueles que falam.

Hoje, mais uma vez, presenciei um ato falho de uma pessoa que se acredita revolucionária e libertária.

Sim. É feio da minha parte ficar falando das pessoas assim. Mas é isso mesmo. Eu me incomodo porque a circunstância da qual falarei é algo que é desconsiderado pelas pessoas quando acontece, mas nas rodas de discussão combate-se os estereótipos da sociedade com palavras carticuladas que visam possuir algo de difusão de autonomia para quem se destina o conteúdo do discurso.

Eis a cena:

A professora resolve arrastar a mesa dela. E começa a arrastá-la de um jeito um tanto patético, mas até aí nenhum problema.

Claro que alguém poderia ter se levantado para ajudá-la, mas, e aí demarco o início de minha crítica, esperava-se que algum homem se levantasse para ajudá-la.

As questões: a) segundo o que me pareceu, ela poderia ter dado conta do recado muito bem, aplicando sua força de outra maneira mais satisfatória; b) a distância a que os poucos homens da turma estavam era desprezível, dado que até algum deles chegar até a mesa a professora já teria empurrad-a completamente; ou c) a professora poderia ter pedido ajuda antes de começar a empurrar a mesa, pois ninguém iria se negar a ajudá-la.

E agora, a situação motivadora de minha irritação:

Uma pessoa enxerida grita "égua! Não tem nenhum homem pra ajudar a professora?". (ou algo mais ou menos assim)

O que mais me irrita é que essa pessoa é sempre assim, irritante e inconveniente, pelo menos pra mim. Gosto muito dessa pessoa, mesmo, mas às vezes ela é realmente irritante. Sei também que ela gosta bastante de mim, mas que ela também se irrita com minhas atitudes, afinal, eu me irrito com o comportamento dela porque o meu comportamento não é muito diferente. Também sou consideravelmente irritante e inconveniente. Mas o X da questão é que eu gostaria que ela fosse mais coerente com as palavras e atitudes dela. Só isso.

Todos a conhecem pelo jeito revolucionário dela, pelo discurso bem elaborado dela, e pelo jeito sem noção que ela tem (hauheuhaehuh...), além de que ela sabe muito, ela lê muito, ela estuda muito, mas ela continua com essas incoerências bestas.

Alguns podem pensar que minha irritação é apenas uma besteira sem importância. Mas não, talvez não seja.

Muita gente, durante a III Jornada de Psicologia, adorou a fala de um psicólogo, principalmente as mulheres, porque ele é bonitão e inteligente. Em determinado momento ele falou do poder transformador, constituidor das palavras. Ao que parece a mulherada prestou mais atenção na poder constituidor físico dele e não no das palavras.

A pessoa na sala estava confirmando mais uma vez através de um ato aparentemente pequeno e sem importância o estereótipo que ela tanto combate: o estereótipo da mulher fraquinha que necessita da ajuda de um besta (ops... cavalheiro), que se predisponha a ajudar a mulher sem que ela peça.

Eu não concordo comos estereótipos que acompanham homens e mulheres e tento combatê-los da maneira que posso. Por causa de minhas convicções há muita gente que me acha um chato, porque em certos momentos eu levo muito a sério os simbolismos encobertos pelas pequenas ações das pessoas. Aí acabo sendo tachado de chato mais uma vez, e de que eu não sei brincar e coisas assim. Pois, digo, que são nos atos pequenos que se encontra o reforçador dos conteúdos ideológicos e estereotipados da nossa decadente sociedade.

Eu não sou a mais correta das pessoas, mas eu primo por um pouco mais de moderação nos nossos atos. Senão, de nada adiantam os conteúdos que sempre discutimos ao estudar. E o pior. Como é comum, mais à frente, ao se depararem com uma circunstância ofensiva ou ultrajante, as pessoas retomam o discurso belo para protegerem seu direitos.

Ahhh...

Fico até mufino com a mediocridade nossa de cada dia.

Homens e mulheres merecem respeito igualmente na medida das suas diferenças. Sei que a situação que expus é pequena, mas sempre acredito que o respeito se constroi a partir de atos pequenos do cotidiano, bem como as práticas políticas, pois constantemente discutimos em sala de aula.

Mas, talvez, eu só esteja, mais uma vez, levando as coisas a sério demais. Pois todos estão sempre certos pois entram em consenso.

...

Odeio democracia. É a legitimação da burrice alheia.

Eis o conteúdo de meus discursos contraditórios, porque quero que todos tenham a preocupação de serem moderados para atingirem um possível resultado razoável nas coisas. Mas como sou individualista demais, gostaria que as pessoas fossem competentes para serem autônomas com seus próprios assuntos.

Mas percebo que meu conteúdo ideológico é acompanhado de três elementos: meus pensamentos, meu discurso e meus atos.

Tento manter meus discursos e atos coerente, mas meus pensamentos não. Nesse ponto sou contraditório. Quero a igualdade de todos, desde que possam me deixar em paz do meu jeito.

Odeio democracia. Mesmo sabendo que estou errado.

Ao fim, como sei dessas coisas, sou o mais errado e mais merecedor de restrições.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Alcançando o que está nas "estrelinhas".


Eis que hoje entrei na sala de aula, sentei-me na carteira e perguntei à colega à minha esquerda o por quê de a aula de Tópicos Especiais em Psicologia II não ter sido no laboratório de cinesiologia como previamente planejado.

Ela me conta que a reserva do laboratório havia sido confirmada por uma turma de Fisioterapia, apesar de ter havido também uma reserva pela nossa turma, ou pelo menos era o que constava para mim.

Perturbo-me com a informação. Questiono a professora sobre o que aconteceu. Por que não fomos ao laboratório? E a nossa atividade a ser realizada ficaria prejudicada? Se a reserva da outra turma ainda estava por confirmar, por que não se confirmou anteriormente a reserva de nossa turma? Por que temos que nos sujeitar a essa incompatibilidade de espaços e tempos, sendo que dispomos de um Centro Clínico de Psicologia da Faculdade e não o utilizamos (ou seja, não dispomos realmente dele), deixando-o mofando?

A professora me diz que não foi possível usar o laboratório, então teríamos que realizar outra atividade em detrimento da anterior.

Questiono mais uma vez. A professora parece se perturbar com minha atitude e diz que não pode fazer nada. Reclamo que ninguém na turma reage contra isso. Ela diz que ela não tem culpa se a turma é cheia de inúteis e me aconselha a sair da sala se isso me incomoda. Uma discussão se inicia entre eu e a professora.

A turma silencia. Onde antes havia uma reverberação de risos e falas agora há um quase silêncio, ocorrendo apenas as farpas entre aluno e professora.

"Esse seu discurso cheio de ideologia libertária mas que está todo institucionalizado."

"O quê? Eu institucionalizada?"

"Isso mesmo."

"Se tu te incomodas então sai da sala."

(Algumas de nossas falas, mais ou menos)

Um clima estranho segura a 4PSM-2.

De repente, uma pessoa diz "vocês estão dramatizandoooo."

Eu deveria ter mandado essa pessoa calar a boca imediatamente. Mas não pude. Eu não esperava por aquilo. Perdi minhas forças. Fiquei sem palavras.

Quem imaginaria que um dos principais nerds da turma (Eu) iria entrar em conflito com a professora de Psicologia Social II e Tópicos Especiais em Psicologia II, justamente uma das professoras com quem ele já teve discussões sempre amigáveis e respeitosas???

Frustrado.

Nosso Teatro Invisível... FRUSTRADO!!! Huhqauhauhuahuheu...!!! xD

Realmente, segundo o que algumas pessoas disseram, a atmosfera da sala naquele momento era de medo. Era algo inconcebível que tal atrito se estabelecesse assim tão repentinamente.

"O quê o Renan tá falando??? Manda ele calar a boca!!!"

Nossa turma, a 4PSM-2, é uma turma bem amigável, onde nem todos são amigos tão próximos, há algumas briguinhas vez ou outra, mas todos se dispõem a permanecer unidos, mantendo uma certa tranquilidade no cotidiano acadêmico.

Quando, ainda que com as diferenças existentes e algumas incompatibilidades, escolhemos nos relacionar através da sociabilidade amigável e do afeto torna-se difícil mentir nossos atos. Algumas brigas, conflitos, situações difíceis, intolerância e desrespeito já se instalaram algumas poucas vezes na nossa turma, mas nada que não tenha se resolvido ou adaptado até o dado momento.

A pessoa que disse que estávamos dramatizando também estava com medo do que estava ocorrendo. Ela disse isso como uma tentativa de amenizar a circunstância. Poderíamos ter continuado com o nosso Teatro Invisível, proposta dada pela própria professora durante a aula anterior dessa mesma disciplina, mas para isso nós teríamos que ter sido mais rígidos, mais insensíveis. Eu deveria tê-la mandado calar a boca e continuado minha discussão com a professora. Mas eu não tive coragem para tanto. O Teatro Invisível foi desmascarado por nós mesmos que pensamos ter sido desmascarados pela colega, quando na verdade ela estava espantada conosco.

Eu já tive brigas feias com pessoas que amo. Quem nunca teve? Mas eu sempre fiz o possível, e até mesmo o que eu pensava que eu nunca faria, para resolver uma mágoa mútua, uma raiva corrosiva e aquela dúvida melancólica que acomete as pessoas que brigam mas que se amam. Os vínculos afetivos estabelecidos entre as pessoas fazem com que existam determinados códigos entre as pessoas em seus relacionamentos. Códigos estes que denotam a tristeza e o arrependimento de se ter brigado com uma pessoa amada ou magoado-a. Seja um pai, uma mãe, irmãos, amigos, namorados ou o quer que seja, uma briga cria feridas que só podem ser sanadas quando os interlocutores se põem diante um do outro e esclarecem seus problemas e aprendem juntos.

Devemos sempre estreitar esses laços relacionais que nos unem, porque assim, quando os vínculos são abstratamente sólidos, nem a menor e muito menos a maior das tempestades pode abalar a relação.

Eu não sei jogar com o sentimento das pessoas, principalmente aquelas que me são próximas. A turma percebeu o que se escondia nas "estrelinhas" de nossas falas, apesar do medo de intervir. Quando alguém interviu nós nos desarmamos. Nosso Teatro Invisível ruiu, mas ainda assim alcançou parte de seu objetivo e serviu para nós (ou pelo menos alguns de nós) refletirmos sobre a complexidade da proximidade nas relações humanas. E espero que essa complexidade otimista, que até admite conflitos, mas que não concebe rupturas definitivas e arbitrárias, permita-nos o convívio sempre pautado no respeito e que, caso alguns de nós venha a tremer e cair, seja possível haver sempre algum elemento com iniciativa para resgatar a integridade de nossa união.