segunda-feira, 5 de abril de 2010

Desgraça e Destruição


As pessoas temem o pior, mesmo que não saibam o que o conterá, qual seu objeto e, principalmente, qual sua finalidade.

Vivemos em épocas em que os fatos ocorrem muito rápido e são também noticiados com tamanha agilidade. A tecnologia vive em constante corrida, onde o que é novo hoje se torna obsoleto amanhã. Especulações se fazem mais importantes do que a verdade. O banal e o grotesco são focalizados e vendidos. Tudo sob a égide da alegria, da satisfação, do bem todos.

Ah!!! O bem de todos.

O que é o bem de todos? Como saber, se as pessoas delegam a possibilidade de sabê-lo para outrem, pautam sua felicidade no outro, deixam de acreditar em si mesmas, não olham para o que têm em si simplesmente porque pensam nada ter além das coisas que fazem vibrar aos olhos dos outros, como dinheiro, carros, cargos, títulos, troféis e outros acessórios que viraram pedras elementares da vida das pessoas.

Infelizmente, somos culpados, mas não podemos apontar isso no outro sem apontar três dedos de volta a nós mesmos.

Em verdade, a solução não reside em simplesmente identificar erros, mas em se tomar a iniciativa de tentar solucioná-los. Sim. Tentar. Porque nada realmente se constroi se não há esboços, tentativas, erros.

E erros são o que não falta na tentativa de alcançar o bem de todos. Ah! O bem.

Alguns querem paz, querem satisfação, juventude, e tudo isso tem que ser eterno. Mas como ser eterno em uma condição material onde nada se cria, nada se perde, tudo se transforma?

Eis a questão. Nossa essência é eterna, imortal, mas reside em um estado de ser que aflige as sensações, que é bruto demais, denso demais, que se agrega e se desagrega, que, conforme aprendemos tão simplóriamente, nasce, cresce, reproduz-se e morre. Separam-se as coisas em ciclos inflexíveis e esquece-se que as coisas se transformam. Vida e morte são relativos; as duas faces de uma moeda cujo valor não é compreendido, pois vida e morte nem sempre são o que parecem ser.

Bandidos, políticos corruptos, ditadores populistas, algozes da humanidade... Quando surgem promovem comoção em todos. Geram sentimentos de indignação, fúria, ódio animalesco... Tudo isso é triste. O ser humano se deixa perder em exaltações emocionais esquecendo suas possibilidades transcendentes de benevolência.

Oh... Quantos sofrem? Quanto sofrem? No entanto, a destruição é uma fase. Em verdade, um desafio, uma dura lição. De fatos isolados, pequenos, a eventos mundiais, catástrofes, genocídios, a humanidade passa por tais acontecimentos e deve encontrar um solução. Mas soluções errôneas foram buscadas ao longo do tempo. Pretende-se alcançar a paz com o golpe forçado e maciço, tal qual as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki? Através de regimes autoritários, ditatoriais? Através de toques de recolher? Prisões de segurança máxima? Castrações químicas? Quanto se tenta cavar até a alma humana sem encontrá-la?

Tantos erros. Desgraça e destruição, morte e putrefação. Verdades que existem, ocorrem, atingem a carne e a alma. Mas se existem há um propósito. A humanidade,.. Nós... não somos meros receptáculos da vida, não estamos jogados ao acaso, não somos uma complexa ordenação químico fisiológica.

Temos a capacidade de mover alavancas que movem o mundo. Não percebemos, mas temos. Ações isoladas que se espalham podem gerar atos grandes. Percebemos que a força não soluciona problemas, pois não somos máquinas.

Seres humanos, bons ou maus, são humanos, e o fato de serem vistos como bons ou maus se deve a toda uma construção sócio histórica que um dia poderá ser alterada, para que ninguém seja determinado por outros, e sim pelos seus próprios atos, com a capacidade de se responsabilizarem conscientemente por sua conduta, por suas vidas, pela manutenção de seu espaço, preservação do ambiente e respeito à vida.

Aprendamos com os erros do passado. Não deixemos que eles voltem a impregnar nossa história. Busquemos o bem, o respeito, a cooperação. Que os sentimentos de ninguém sejam violados.

Um dia... as agressões não serão mais parte de nossos pensamentos. Não porque elas deixem de existir, mas porque compreenderemos que não há progresso sem empecilhos, não há cura sem doença, não há vida sem a morte. Quando compreendermos tudo isso, estaremos acima desses ciclos e contribuiremos para com o universo a partir de nossos aprendizados e sendo simplesmente o que somos em essência. Eternos.

Tudo está interligado.

Qual a sua posição no mundo?

xD

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