sábado, 22 de maio de 2010

Fazer a bainha da calça

Antes eu achava algo estiloso andar com calças maiores do que eu, até por uma questão de adaptação, pois nunca era possível que se comprasse calças exatamente para o meu tamanho, de modo que suas bainhas ficavam emboladas próximo aos pés e com o tempo até admiti que elas ficassem um pouco destruídas por esbarrarem no chão.

Mas esses tempos estão passando, e embora eu preferisse roupas largas devido ao possível conforto que elas pudessem oferecer, agora prefiro roupas mais justas ao meu tamanho. Roupas largas, ainda que deixem grande espaço, acabam tolhendo a movimentação. Eu já sabia disso antes, quando ainda fazia Tae Kwon Do, mas percebi mais ainda o incômodo causado quando comecei a fazer dança.

Por um bom tempo também fugi de remédios, de tratamentos médicos ou terapêuticos, de corte de cabelo (principalmente da hora da navalha... rs) e outros procedimentos. Eu pensava que o uso de métodos que aos poucos se distanciassem da naturalidade da forma como as coisas evoluem fosse algo desnecessário. Pura ignorância. Mesmo porque essa dita naturalidade em que eu acreditava era na verdade uma espécie de isolacionismo. Eu imaginava que fosse possível superar qualquer problema sozinho. Além disso. Percebo que eu tinha (e ainda tenho) medo daquilo que pudesse me expor, revelar minhas fraquezas.

Eu pensava que se eu adquirisse alguma enfermidade, alguma lesão, algum problema, eu deveria encontrar uma forma de solucioná-lo, digamos, autonomicamente, ou esperar para que o tempo o solucionasse. Acontece que o tempo não resolve todos os problemas, pois há aqueles para os quais não se pode permancer na passividade.

Outra questão é que eu não conseguia ver o fato de que eu necessariamente bebia da fonte das pessoas ao meu redor para superar uma determinada condição negativa.

O fato é, eu sentia como se a bainha esbarrando no chão, a dor, a insegurança, o medo e outras coisas eram minhas e somente minhas, e por isso eu era por elas responsável e mesmo deveria ter certa afinidade em tê-las, deveria rir delas, deveria portá-las e mostrá-las como um troféu de minhas grandes capacidades (não sei de quê).

Hoje percebo os meus equívocos. Não tenho necessidade de ter meu caminhar dificultado por causa das bainhas das minhas calças, não preciso amargar uma dor física se posso recorrer a algum remédio providencial e não preciso me deliciar sadicamente contra meu próprio ser, não preciso me punir por minhas desgraças para forçar o mundo a se mover em piedade por mim. Não. Posso retirar esses empecilhos, esses acessórios descartáveis, esses pesos extras.

Há ainda tanto a aprender. A realidade é assustadora. Mas ela só o é porque nos é desconhecida. Se não nos abrirmos ás possibilidades que vêm nos ajudar por medo das armadilhas, então não saíremos do lugar por um longo tempo e teremos perdido oportunidades que teriam nos levado de um ponto a outro bem rapidamente e sem grandes encargos.

Fechar-se em si também é assustador, pois não nos conhecemos a ponto de sabermos admitir quem realmente somos. Escondemo-nos sob nossas doenças, nossas mágoas, nossas bainhas arrastadas no chão.

Mas eis que novos passos devem ser dados. E sem nada para dificultá-los.

Hummmm...

Acho que é isso por enquanto.

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